Não ia entrar muito no mérito de ser o melhor disco dos Peppers, mas tenho que comentar. Escutei esse disco em 92, quando tinha 11 anos. Pode até parecer mentira, mas quando eu tinha 8 ou 9 anos, o disco que eu mais escutava era Reingn Blood do Slayer. Em 92, o Blood Sugar Sex Magik e o Black Album do Metallica disputavam o campeonato mundial de disco mais escutados por mim em 1992. Resumindo, esse disco é bom demais!
Vamos para a parte visual da coisa. Descobri que o cara que fez essa capa, na verdade, um trabalho em conjunto, foram: Henk Schiffmacher, Gus Van Sant. Henk Schiffmacher, mais conhecido como Henky Penky, é até hoje um tatuador dos mais renomados dos EUA. Ele já fez tatuagens pra tudo que é Rock Star e fez o design das línguas dessa capa.
Já Gus Van Sant foi o responsável pelas fotografias e o design em geral. Além de fotógrafo, designer e um monte de coisas, ele também é cineasta. Na mesma época ele que dirigiu o video clipe de Under The Brigde. Ele fez vários filmes e ainda faz um monte de clipes. O que isso quer dizer? Na minha cabeça, ser “diretor de arte” é difícil, principalmente porque todo mundo quer ser, mas poucos conseguem fazer algo tão bom.
Acho que pra ser diretor de arte você precisa de um pouco mais do que aulas de tipografia ou linguagem, tem que ter acima de tudo, bom gosto. Isso tem de sobra em Gus Van Sant. O cara é cineasta, tira foto e ainda faz a direção de arte. Conheço alguns excelentes diretores de arte e sei que todos eles fazem alguma coisa paralera muito bem. Uns tiram fotos, outros desenham, alguns filmam ou escrevem contos.
Voltando pra capa, o tipo de diagramação do nome do disco e do nome da banda é perfeita. Combina demais com os quatro integrantes e faz a pessoa virar o disco de um lado pra outro pra ler e isso faz com que a simetria da capa fique evidente, que mostra que a capa funciona de qualquer lado. Acho esse disco muito bom, com um nome muito bom e um design muito bom. Olha de onde vem as referências, hoje em dia é comum a diagramação ser feita com a letra do designer.
Mais uma vez a vida imita a arte e arte imita a música, que imita o design, que imita a publicidade, que imita a música e assim por diante. Vamos soltar a mão e fazer layouts como esse. Ousar um pouco mesmo parecendo quadrado é difícil, mas nada como uma boa apimentada no layout pra dar aquele charme.
Fonte: http://sleevage.com/
O mundo chega no limite e logo em seguida tudo se renova começando do zero. Essa viagem filosófica fica evidente ao ver essa capa do Chris Cornell. O estúdio de design, ilustração chamado Invisible Creature - especialistas em capas de discos, fizeram um trabalho muito legal nesse encarte e capa. Quando falo que o vintage é moda, ninguém me escuta. Todo mundo quer parecer mais antigo, isso é cool e com certeza daqui a pouco todo mundo vai se vestir do mesmo jeito. É o eterno retorno de Nietzsche. Como mesmo falei é uma viagem filosófica.
Parece viagem, mas a linguagem da capa do Chris Cornell é muito antiga. A quanto tempo você não via uma capa com o nome das músicas? A última vez que eu vi foi por volta de 1967. Eu sei que não vi, mas me contaram. Além de ter o nome das músicas na capa, o interior do encarte é uma volta no tempo. Esse design é bem parecido com os que Alex Steinweiss (o inventor das capas de disco). Depois eu faço um artigo só desse cara.
Na capa nem dá pra percebem muito o design vintage, mas no encarte isso fica envidente. Só depois que vi o encarte que fui sacar a linguagem da capa. Fiquei bem impressionado. Tudo no design, moda, estilo e etc.. estão voltando no tempo. É tudo divertido, recordar é viver. A nostalgia vende e diverte as pessoas, mas ainda não tinha visto isso tão evidente numa capa.
Além da capa e principalmente o encarte serem ótimos, o disco também é muito bom. A voz desse cara - que usa esse bigodinho totalmente "E o Vento Levou" - está cada vez melhor. Fiquei triste com o Fim do Soundgarden, com o fim do Audioslave, mas valeu a pena. Os dois discos solos do Cornell são muito bons. Vale a pena conferir.
Se vocie curtir as músicas, acho que vale a pena comprar o CD. Como mesmo penso, as gravadoras tem que inovar e ter alguma coisa pra chamar a atenção das pessoas. Assim como as grandes marcas fazem, tentando inserir as pessoas no mundo e o contexto dos produtos, as gravadoras tem que se virar pra fazer alguma coisa pra que o cara entre numa loja, olhe um CD e resolva comprar. Bem, como mesmo provei, uma capa bonita já ajuda bastante.
Esse é o primeiro post da futura série sobre capas "parecidas", ou pra um bom entendedor, na publicidade isso se chama: "design chupado!". Ou seja, uma cópia adaptada. Mas não entro muito nesse fator ético, quem é que nunca olhou pra uma coisa e pensou, "putz é isso que eu quero! Vou fazer parecido". O problema é quando você olha, copia e pensa: "tomara que ninguém veja".
Hoje em dia com a internet fica difícil, mas acho que uma boa inspiração é saudável. Com certeza o cara que fez aquilo que você está "chupando" já "chupou" alguma coisa de alguém. Eu estou falando de design, não me venham com idéias distorcidas. =)
O que penso é o seguinte, esses três discos são de épocas diferentes, mas de bandas da Grã-Bretanha, que tem o fator cultural como mesma referência. O Queen fez essa capa com uma linguagem de Stencil. Em 97 o U2 "copiou" e colocou uma linguagem referente ao seu novo som, o Pop. Logo depois, em 2000, o Blur veio com uma linguagem que mostra bem a nossa era dos Vetores e Photoshop.
Eu acho as três capas uma mais bonita que a outra. Não vou mentir em dizer que EU acho a do Blur mais bem resolvida em termos de design, mas a ilustração do Fred Mercury é absurdamente boa. É impressionante como ele só precisa de cabelo e bigode pra ser reconhecido. Dá pra ganhar rios de dinheiro vendendo uma camisa só com essa ilustração dele.
Acho que a capa do Queen é a mais representativa, mas não tem nada de revolucionário, até porque Andy Warhol fez coisas muito parecidas na época da Pop Art. Lembram da ilustração da Marilyn Monroe? Poisé. Por isso que digo, tudo tem sua referência. Warhol com certeza tinha as dele.
Mas mudando um pouco de assunto, recomendo os três discos. Apesar desse do U2 tenha me assustado bastante na época que lançou, hoje em dia eu acho legalzim. Nada demais, mas é legalzim. O disco do Blur que é de 2000 é o que eu mais gosto, até porque ele é um The Best Of, então não tem como competir. E o disco do Queen era de uma fase que a banda estava começando a experimentar umas coisas diferentes do seu Opera Rock. Bom disco, só isso.
Design é isso. Olhe, se inspire e faça sem medo. Só não pode copiar os acordes da banda que você gosta. Isso dá cadeia e uma bela multa. As vezes é melhor ser designer do que músico. Se bem que até hoje eu não sei se sou bom no design, ou bom na música. Acho que por isso resolvi falar das capas.